A Fuse Capital, venture capital com foco em startups web2.5, ou seja, que aliam operações tradicionais e tecnologias emergentes, tem dois novos sócios: a Transfero, de operações financeiras descentralizadas (DeFi) e Louis de Sègur de Charbonnières. A chegada da Transfero é reflexo da joint venture entre as empresas para criação da BRX Finance, que vai focar no desenvolvimento de produtos e serviços para a web3. Além dessa iniciativa, os novos sócios reforçam a estratégia da gestora de atuar em outros países.
Louis de Ségur de Charbonnières criou e administra o Enseada Family Office (BR) e o Time Family Office (UK) e nos últimos 20 anos coordenou investimento em vários venture capital e private equities nos segmentos de saúde, consumo, bem-estar e tecnologia. Além disso, foi do board da SulAmérica e, hoje, integra o da Rede D’Or São Luiz.
“O Louis tem total sinergia com o objetivo da nossa empresa de relacionar o futuro da internet com várias outras verticais de negócios, solucionando problemas do dia a dia e em escala global, fundamental para a evolução da nossa tese de investimento na web 2.5”, comenta Dan Yamamura, sócio fundador da Fuse. Para o VC, Charbonnières vai reforçar a busca da Fuse em investimentos em web3 com visão de longo prazo e retorno aos stakeholders.
“A ideia de web3 já traz, em si, impactos positivos na sociedade, a partir da ampliação do acesso de mais pessoas a inúmeros produtos e serviços. Veja, por exemplo, como as fintechs já proporcionaram inclusão financeira na América Latina e África. Nesse sentido, iniciativas em blockchain são o próximo passo para ampliar essas fronteiras”, disse Charbonnières, no anúncio global de sua entrada na Fuse.
Com esse reforço, a Fuse espera ganhar relevância e escala em um mercado que só cresce. Em 2022, startups de web3 levantaram globalmente um total de US$ 7,16 bilhões em investimentos, segundo relatório da Metaverse Post. É um valor US$ 4,5 bilhões maior se comparado com 2021, mesmo em um período chamado de “inverno cripto”. No Brasil, o cenário é ainda mais otimista, com um Banco Central na vanguarda de iniciativas como o Pix e o Drex.
Joint venture
Já a entrada da Transfero entre os novos sócios da Fuse deve-se à criação da BRX Finance, joint venture que visa o desenvolvimento de produtos baseados em blockchain e que já conta com licenças para emissão do BRZ, stablecoin pareada ao Real.
Na avaliação das empresas, três fatores foram fundamentais para o lançamento da joint venture: o sistema financeiro desenvolvido do Brasil; a demanda reprimida, com grande parte da população brasileira ainda sem acesso aos principais produtos financeiros; e a abertura que o Banco Central tem dado às inovações para o setor, tendo como exemplo o lançamento do Drex.
“O Brasil tem aproveitado bem esse momento e começou a liderar esse processo de transformação da infraestrutura do sistema financeiro. Neste cenário, vemos essa oportunidade como única para acelerar o desenvolvimento de soluções dentro da infraestrutura de blockchain”, afirma João Zecchin, sócio da Fuse e cofundador da BRX ao lado de Dan Yamamura.
Para Claudio Just, CEO da Transfero, a criação da BRX promete ser um passo importante para o avanço das empresas brasileiras no cenário de DeFi global. “Na Transfero, vemos a BRX Finance como um passo gigantesco rumo ao futuro das soluções em DeFi. Estamos totalmente comprometidos e confiantes de que, juntos, transformaremos o panorama financeiro do Brasil, onde escolhemos começar o foco da BRX. Apesar disso, temos certeza de que os produtos criados oferecem soluções que atendem também às necessidades do mercado internacional”, comenta Just.
A BRX nasce com cada uma das empresas detendo 50% de participação na sociedade. O acordo foi facilitado pelo alinhamento de interesses de ambas as partes já que as atuações se complementam. Enquanto a Fuse Capital tem uma maior capacidade de desenvolvimento, criação e uso de novas tecnologias, a Transfero tem a maior infraestrutura do mercado visando a tokenização de ativos (RWA) para conectar o mundo real ao digital.
O primeiro produto desenvolvido pela parceria foi a plataforma de crédito Kona Finance, que é voltada para PMEs que tenham receitas como fluxos de cartões, boletos e demais ativos para dar como garantia ao adiantamento para financiar a operação. “Há uma série de necessidades do sistema financeiro que serão atendidas com o desenvolvimento de infraestruturas mais leves e sem intermediários por meio do blockchain”, diz Zecchin.
Além do Kona, a joint venture já trabalha na criação de novas soluções para incrementar o ecossistema financeiro em blockchain. Entre os planos da BRX está o lançamento de uma plataforma voltada a rendimento de stablecoin por meio de smart contracts, e uma solução que visa gerar maior estabilidade de performance aos investimentos realizados.
A Fuse é uma gestora carioca que está um passo além do modelo atual de investimentos, oferecendo fontes alternativas de capital a seus empreendedores, além de rendimentos aos LPs. Seu portfólio inclui a Hashdex, maior gestora de criptomoeda da América Latina; a Arthur, mineradora que usa flare gás como fonte de energia; a Illios, startup que expande a rede Helium no Brasil, dando retorno financeiro em criptomoedas aos investidores; e a Credix, que faz uma ponte entre DeFi e CeFi, permitindo o financiamento de fintechs. Atualmente a gestora está captando seu segundo fundo, cujo foco será exclusivamente na tese de web2.5.
A Transfero é uma empresa global de soluções financeiras baseadas em tecnologia Blockchain. Com sede no Crypto Valley, na Suíça, e com presença no Rio de Janeiro e em mais oito países, tem como principal objetivo facilitar e promover o acesso e a adoção ao universo dos ativos digitais, viabilizando a seus clientes uma transição segura para um sistema financeiro global mais descentralizado fundamentado na liberdade e autonomia. A empresa é a emissora do BRZ Token, a primeira e a maior stablecoin pareada ao Real.
*Reportagem em atualização.