Vencedora de seis hackathons internacionais, um deles com elogios até de Vitalik Buterin, o criador da rede Ethereum, a Trexx está em nova fase. A história dessa startup começou em 2023, quando a fundadora, Heloísa Passos, tinha em mente o foco em desenvolvimento de jogos e soluções para facilitar a entrada dos usuários nos jogos em blockchain. Mas, agora o foco é em embedded finance, ou seja, em estruturar uma plataforma de produtos e serviços, inclusive os financeiros para o mundo dos games. Assim, o acesso financeiro passou a ser a proposta de valor.
Em entrevista ao Blocknews, Heloisa contou mais detalhes desse novo plano e de como os hackathons e a participação no Next, programa de inovação da Fenasbasc, a federação dos servidores do Banco Central, ajudaram a pivotar o modelo de negócio da startup. Assim, a Trexx tem como meta uma expansão significativa da ideia inicial que já vinha da outra startup que co-fundou, a Sp4ce Games, vendida em 2022. Naquela época, já tinha fundado uma das maiores comunidades do mundo do jogo Axie Infinity e desenvolvia seu jogo Boom Boogers.
É sempre bom lembrar que o mercado de games no Brasil é considerado um dos dez maiores do mundo em número de jogadores, com cerca de 100 milhões deles, apontou pesquisa da Newzoo de 2023. Mas, isso ainda é cerca de 3% do total. Em gastos, ficou entre os cinco maiores, com R$ 13 bilhões, apenas 1,5% do global. Uma outra pesquisa, feita pela Sura, mostra que 53% dos jogadores brasileiros querem ganhar dinheiro com a atividade. A seguir, a entrevista com Heloísa.
BN: A Trexx será uma plataforma de vários usos em jogos, inclusive financeiro?
HP: A principal tese da Trexx é de embedded finance, de prover gestão de recursos, acessos a ferramentas financeiras e inclusão, tudo isso dentro do mercado de jogos. Queremos tanto ser uma ponta para o mercado tradicional de games que não tem essa estrutura, quanto para os jogadores que precisam de um serviço que funcione quando falamos de interações nos jogos.
BN; Qual é o programa para chegar a todas essas etapas?
HP: Nosso roadmap é o seguinte: dentro dos próximos dois meses, lançar o programa de fidelidade com alguns parceiros, dentre eles o canal Woohoo. Dessa forma, vamos trazer usuários alheios a Web3 para a estrutura, usando a blockchain não como proposta de valor, mas como tecnologia para eles. A proposta de valor é o acesso financeiro através dos itens. Depois, até novembro, queremos liberar em escala algumas ferramentas financeiras como o matchamaking de airdrop que desenvolvemos juntos com o MB (Mercado Bitcoin) no piloto do (programa de inovação) Next da Fenasbac. E em dezembro, queremos iniciar os primeiros testes de microcrédito, mas em pequena escala. No próximo ano, trabalharemos aquisição de usuários com um ecossistema forte de parcerias e tecnologia
BN: De onde virá o dinheiro para o crédito e quem vai operar essa atividade? Vai precisar de parceria com banco digital ou instituição de pagamento (IP), por exemplo?
HP: A ideia é ter três verticais de cessão de crédito: uma é da própria Trexx, a outra é com instituições financeiras parceiras e a terceira é de pools de usuários para usuários. Estamos desenhando essa terceira, mas estudamos a possibilidade de um empréstimo peer-to-peer (P2P), já conhecido no mercado tradicional. No primeiro momento, faremos a distribuição dos recursos em parceria com uma IP, usando a Trexx mais como tecnologia, para quando for o momento certo, isso partir diretamente de nós.
BN: O plano inicial da Trexx era lançar um jogo. Como foi evoluindo até chegar a esse modelo mais completo?
HP: A minha tese sempre foi entretenimento e jogos como entrada para a Web3. Vi esse movimento massivo principalmente em 2021 . Consegui perceber que a inclusão financeira e social poderia vir por essa via também, em especial porque os jogos fornecem uma estrutura simples de trazer conceitos complexos, o que seria muito difícil trazer com uma primeira interação com DeFi (finanças descentralizadas), por exemplo. Nessa linha, vi que ficaríamos muito para trás se focássemos apenas no nosso jogo, o Boom Boogers. Por isso, usamos as competições e mentorias em acelerações como a da Endeavor, por exemplo, para definir um produto que conseguisse atender essa visão. Hoje, continuamos com o desenvolvimento do jogo, em uma tese muito mais de aquisição de usuários e em um setor separado da Trexx, mas que usa toda a tecnologia da plataforma.
BN: Na sua apresentação num evento paralelo à feira Gamescom, com representantes do ecossistema de jogos do Brasil e do exterior, você citou que a Trexx fará investimentos sociais? Como será essa ação?
HP: Vamos investir R$ 200 mil, junto com parceiros, em projetos sociais em comunidades carentes do Brasil até o final do ano. Vamos prover bolsas e cursos de Web3. Os projetos que vamos apoiar são o Educar+, Plataforma Impact e Crypto Stars Games. Em dois anos, queremos investir até R$ 1 milhão. Parte dos valores virão da própria Trexx. Além disso, temos parceiros interessados em fazer esse investimento no terceiro setor através dos jogos.
BN: Hoje, quem são os parceiros da Trexx?
HP: Um deles é a Tanssi. Criamos um agregador e cada projeto de jogo pode ter sua própria appchain sem precisar de desenvolvimento. A Tanssi provê a infraestrutura blockchain, enquanto a Trexx entrega toda o front-end (a parte visível) e as integrações para guildas (comunidades), plataformas e jogos. Um outro parceiro é a Polkadot, que provê recursos em valores em stake e validação descentralizada para interações na Trexx Aggregation Chain e seus parceiros. Isso garante alta taxa de transferência e composabilidade, com cada parceiro novo gerenciado pela Trexx e mantendo sua velocidade e escalabilidade. Além disso, nos associamos à Blockchain Games Alliance, a maior instituição não-lucrativa do mercado, pensando em parcerias e negócios internacionais.
BN: Como é o projeto do programa no canal de TV Woohoo?
HP: O programa tem previsão de estreia para o fim de julho! A Trexx vai investir nisso, mas estamos abrindo alguns slots para patrocinadores que tenham sinergia com o que estamos fazendo. Já estamos em conversas com alguns jogos bem legais de Web3 para serem os primeiros patrocinadores.
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