🔍 Investida liderada por criador da IOTA expõe fragilidade de uma das maiores criptomoedas de privacidade
Henrique HK — 28 de julho de 2025 | Atualizado às 14h40
A Monero (XMR), principal criptomoeda de privacidade do mercado, está sob forte pressão após sofrer um ataque de 51%. O responsável pela ofensiva é Sergey Ivancheglo, conhecido no ecossistema cripto como Come-from-Beyond, um dos nomes mais influentes por trás das tecnologias de Proof-of-Stake (PoS) e Directed Acyclic Graphs (DAG), além de ser cofundador da IOTA e criador da NXT.
💣 Ataque barato contra rede bilionária
Com um valor de mercado estimado em US$ 5,9 bilhões, a rede Monero está sendo atacada com uma estratégia simples, porém eficiente: Ivancheglo criou uma nova criptomoeda, chamada Qubic (QUBIC), e passou a remunerar mineradores com QUBIC, oferecendo bônus de 10%, em vez de XMR. O resultado foi a rápida migração de poder computacional para a pool de mineração Qubic, segundo dados do Mining Pool Stats, a Qubic já controla 29,8% do hashrate da rede Monero e segue crescendo com o objetivo de ultrapassar os 50%, o que permitiria ao grupo reescrever blocos e censurar transações.
O custo da operação? Cerca de US$ 7.000 por dia um valor irrisório frente ao potencial de controle de uma rede com bilhões em circulação, “Por favor, não resistam”, escreveu Ivancheglo nas redes sociais, em tom provocativo. O desenvolvedor argumenta que o ataque é benigno, com o objetivo de expor falhas sistêmicas da mineração baseada em CPU da Monero.
💻 Impactos e riscos para a rede
Ao contrário do Bitcoin, que depende de equipamentos ASIC, a Monero aposta na mineração via CPU, o que a torna mais acessível e também mais vulnerável a botnets e ataques coordenados. Ivancheglo, que já foi crítico dessa abordagem, afirma que seu objetivo é chamar atenção para o risco dessas práticas: “Isso é muito importante para a indústria de criptomoedas, porque um dia todos nós podemos enfrentar um ataque não-benevolente”, disse ele.
Além disso, o desenvolvedor enviou alertas para corretoras e serviços que utilizam XMR, recomendando que esperem 13 confirmações de bloco (em vez das habituais 10) entre os dias 2 e 31 de agosto, para evitar riscos de blocos órfãos e reorganizações de cadeia um dos efeitos colaterais diretos de um ataque de 51%.
🔥 Comunidade reage com ameaças e ataques DDoS
A resposta da comunidade foi intensa. Nas redes sociais, Ivancheglo recebeu uma série de ameaças. Em paralelo, o pool da Qubic sofreu ataques DDoS, o que ele atribui a “mestres de botnet da Monero”, “Alguém está atacando o servidor do pool da Qubic com DDoS… Por favor, não resistam”, publicou ironicamente.
Apesar da instabilidade e do caos técnico, o preço do Monero subiu levemente (0,3%) nas últimas 24 horas, sendo negociado a US$ 322. A XMR permanece como a 25ª maior criptomoeda do mundo, mesmo fora de grandes corretoras como Binance, Bybit e Coinbase.
🧭 Próximos passos e debate sobre PoS
Em meio à crise, surgem debates sobre possíveis mudanças na arquitetura da Monero. No entanto, Ivancheglo descarta a possibilidade de a rede migrar para Proof-of-Stake — modelo que ele mesmo ajudou a popularizar — devido à natureza anônima da moeda e à resistência de mineradores veteranos.
📌 “Mesmo uma ameaça de fazer isso já seria suficiente para derrubar o preço”, argumentou.
