Os primeiros casos de uso do Drex deverão ser focados em tokenização de ativos não físicos. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela ClearSale com suporte do CPQD, em que as empresas entrevistaram cerca de 12 instituições financeiras e de pagamentos envolvidas de alguma forma ou que sentirão o impacto do Drex no dia a dia no futuro. O objetivo foi entender o mercado para direcionar o desenvolvimento de produtos para os testes do Drex no Banco Central (BC), disse ao Blocknews o head de Novos Negócios da ClearSale, Marcelo Queiroz.
Por ativos não físicos entendem-se produtos como as Certificado de Depósito Bancário (CDBs) e outros títulos atrelados inclusive a outros reguladores, como a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que olha para os fundos. “Casos de uso como móveis é outra fase. Tem muita coisa que está mais próxima para se trabalhar”, disse Fernando Marino, gerente de Produtos do CPQD.
Segundo Renata Petrovic, superintendente de Inovação do Bradesco, a tokenização poderá ajudar em operações como as de crédito. Com blockchain, um token de uma operação pode carregar no seu código a garantia atrelada à ela. Hoje, não se pode dar aplicações financeiras em garantia de um empréstimo em outro banco, exemplificou.
A tokenização, disse Renata, traz desafios como o de a nova infraestrutura ter que conviver com sistemas legados. “O Pix não vai morrer. Tem que repensar a jornada do usuário. Não é só digitalizar produtos. É uma jornada (a dos tokens) 24×7, 365 dias por ano e instantâneas. Há também o desafio de aculturar equipes. Não são (conceitos) simples de entender, até para quem é do ramo.” Mas, completou, além dos desafios, têm as oportunidades.
Regina Pedroso, presidente da Associação Brasileira de Empresas Tokenizadoras e Blockchain (Abtoken), um dos principais focos da entidade no segundo semestre desta ano é em tokens ligados a meio-ambiente, os “verdes”. Já vemos muitas empresas trabalhando nesses ativos.
O gerente de Produtos Digitais da TecBan, Luiz Fernando Lopes, lembrou que o Drex está iniciando uma nova etapa dos testes de privacidade do Drex, algo muito sensível no projeto. Serão testadas quatro soluções. A primeira foi a Anonymous Zether. Agora, começou a prova da Starlight, da EY. “Temos ainda mais duas plataformas para testar”, disse o executivo. Uma delas é a Rayls, novo nome da Parchain, e a da Microsoft, admitida recentemente.
Para Jean Michel Gulot, Diretor de Negócios para o Setor Financeiro e Ativos Digitais da Dinamo Networks, que participa do piloto do Drex com empresas como a ClearSale, CPQD e TecBan, o piloto do Drex serviu para o setor financeiro entender o ecossistema blockchain. Assim, o especialista do tema “não é mais um evangelista perdido dentro do banco tentando convencer os outros (sobre o assunto)”.