Durante evento na Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), o Inmetro apresentou os resultados do MobiCrowd, projeto que propõe um novo modelo para a mobilidade urbana: recompensar motoristas por dirigirem de forma eficiente e com menor impacto ambiental.
A iniciativa, que contou com 42 meses de pesquisa e cerca de R$ 1 milhão em financiamento da Faperj, alia blockchain, 5G e inteligência artificial para transformar veículos em sensores urbanos e agentes ativos na coleta de dados ambientais. O projeto foi desenvolvido em parceria com a UFF e resultou na criação do V2Lab, um laboratório de tecnologias veiculares com infraestrutura de testes em tempo real e rede 5G privativa.
Pagamento por economia de combustível
A principal inovação é uma plataforma baseada em blockchains permissionados que permite o compartilhamento seguro de dados como estilo de condução, consumo e emissões, oferecendo recompensas financeiras de até R$ 0,10 por litro economizado. A privacidade é garantida por criptografia homomórfica, tecnologia que assegura a proteção dos dados mesmo durante seu processamento.
“O carro deixa de ser apenas um meio de transporte e passa a ser um produtor de dados relevantes para o planejamento urbano e ambiental”, explica Wladmir Chapetta, pesquisador do Inmetro.
Mais de 200 GB de dados coletados durante os testes alimentaram algoritmos de IA, possibilitando uma mensuração mais precisa das emissões. O modelo desenvolvido também considera o ciclo completo de produção de energia dos veículos, incluindo os elétricos, o que permite comparações mais realistas com biocombustíveis.
Expansão e impacto
Segundo os pesquisadores, cerca de 25 milhões de veículos no Brasil já são compatíveis com o sistema via entrada OBD-II. A próxima fase prevê um investimento adicional de R$ 3 milhões para validação comercial e parcerias com o setor público e privado.
Além do impacto tecnológico, o projeto envolveu mais de 20 estudantes e inspirou o lançamento do Descarbonize.AI, uma aliança nacional pela mobilidade limpa que reúne empresas como Volkswagen, Stellantis e universidades federais.
“Mostramos que o Inmetro pode liderar a transição digital e sustentável da mobilidade brasileira, combinando ciência, inovação e impacto social”, afirmou Raphael Machado, coordenador do projeto.
Para o presidente do Inmetro, Márcio André Brito, o MobiCrowd demonstra como a ciência pode ser aplicada com propósito, reforçando o papel da tecnologia na transformação das cidades e na valorização do cidadão como parte ativa da solução ambiental.