O agronegócio brasileiro alimenta o mundo, mas enfrenta crises cíclicas: volatilidade de preços, cadeias produtivas fragmentadas, riscos climáticos e desconfiança em processos manuais. Enquanto a agricultura de precisão avança, a gestão financeira e a rastreabilidade ainda dependem de sistemas lentos e pouco transparentes. É nesse cenário que um curso online promete capacitar profissionais do agro para usar a blockchain e a tokenização como ferramentas estratégicas.
“Digitalização no Agro: do Blockchain à Tokenização“, oferecido pela Archer Education entre 12 e 15 de maio de 2025, não é apenas mais um curso técnico. É um conteúdo prático para quem quer ver, com os próprios olhos, como a tecnologia resolve problemas que há décadas atormentam o campo, desde a área de certificação de grãos até a atração de investimentos globais. As inscrições são feitas em www.archereducation.com.br
O agro precisa de transparência. A blockchain entrega
Em um setor onde cada elo da cadeia (produtor, transportador, trading, varejo) opera com dados desconexos, a falta de confiança é um problema. De acordo com Luiz Caffagni, ex-executivo da B3, “o agro é pulverizado e sujeito a riscos que outros setores não têm. A blockchain resolve isso ao oferecer um registro imutável, auditável por todos, do plantio ao consumidor final”. É essa transparência que o mercado global exige”.
Um exemplo prático: hoje, um importador europeu desconfia se a soja brasileira realmente segue critérios ambientais. Com a blockchain, sensores registram dados do plantio (uso de água, fertilizantes) em tempo real, e cada etapa (transporte, armazenamento) é validada automaticamente. O comprador acessa um histórico inalterável, eliminando suspeitas.
Como a tokenização pode ajudar no crédito agrícola
Outra dor do agro é o acesso a financiamento. Projetos de longa maturação, como florestas de eucalipto ou café, têm dificuldade para atrair investidores tradicionais. A solução? Tokenizar ativos.
Imagine transformar uma fazenda de gado em “tokens” digitais negociáveis em plataformas globais. Investidores de Singapura ou Alemanha compram frações desses tokens, recebendo dividendos conforme a produtividade.
Keiji Sakai, um dos professores do curso, destaca que a “tokenização não é futurismo. Já vi projetos assim acelerarem o fluxo de caixa de produtores e democratizarem investimentos que antes eram restritos a grandes players”. O curso mostrará casos reais, como a tokenização de sacas de café no Espírito Santo, que permitiu a pequenos produtores venderem diretamente a torrefadoras europeias, cortando intermediários e aumentando lucros em 30%.

Contratos inteligentes: menos burocracia, mais eficiência
Seguros agrícolas demoram meses para indenizar perdas por seca? Pagamentos de commodities travam em disputas documentais? Os smart contracts (contratos inteligentes) resolvem isso. Luiz Jeronymo, que liderou projetos de blockchain na IBM e também será professor no curso, explica que “um contrato inteligente pode liberar automaticamente o pagamento ao produtor quando um sensor confirma a entrega no porto. Ou acionar um seguro se chuvas ficarem abaixo da média. Tudo sem intervenção humana”.
No curso, os participantes aprenderão a desenhar esses contratos e evitar armadilhas, como a dependência excessiva de oráculos de dados externos.
Não é sobre tecnologia. É sobre resultados
O treinamento evita o discurso técnico para focar em aplicações práticas. Keiji Sakai adverte:
“Blockchain não é bala de prata. Analisamos casos em que a tecnologia foi mal aplicada, como em cadeias simples onde um Excel resolveria. Nosso foco é ensinar onde ela realmente gera valor”.
Um dos diferenciais do curso é o workshop interativo: os alunos podem levar desafios próprios – como rastrear carne bovina ou tokenizar safras – para receber feedback imediato dos professores.
O curso é voltado a produtores, gestores de cooperativas, profissionais de finanças que buscam entender como a tokenização atrai investidores institucionais e empreendedores que enxergam oportunidades em soluções digitais para o agro.
“Entender blockchain hoje é como dominar a internet nos anos 90. Quem ignorar, ficará para trás em um agro que será cada vez mais digital”, finaliza Caffagni.