O Banco Central (BC) deverá divulgar, até o final do ano, o relatório sobre os resultados da primeira fase do piloto do Drex, que terminou no primeiro semestre. O relatório era esperado para meados do ano. No entanto, nesse período o regulador colocou em marcha a primeira parte da segunda fase do Drex, que também já começou a rodar com os mesmos participantes da primeira. E o BC também não é contra o mercado de cripto. As informações foram dadas pelo coordenador da iniciativa do real digital no Banco Central (BC), Fabio Araújo, nesta terça-feira (18), durante painel no Criptorama 2024.
Depois do final da segunda fase, em meados de 2025, também haverá um relatório. Araújo voltou a defender que a plataforma Drex pode ajudar a reduzir o spread bancário brasileiro por três vias. Uma delas é que créditos não colaterizados poderão ser colaterizados, reduzindo o risco das operações. E risco é um ponto que eleva o spread, por conta da baixa recuperação de créditos não pagos. Outra via é a da redução dos custos operacionais. O spread é a diferença entre a taxa de captação e a taxa de empréstimo pelos bancos.
Além disso, o Drex pode trazer novos participantes do mercado. A tecnologia, hoje, já permite a captação de um fundo FDIC em valors mais baixos dos que os tradicionais, de R$ 50 milhões. Blockchain pode reduzir o valor ao reduzir custos operacionais e fracionamento do valor, aumentando o número de possíveis compradores de uma cota.
Drex e cripto no radar
Araújo afirmou também que o BC investiu no Drex porque percebeu que blockchain é capaz de fazer o que as tecnologias já conhecidas não conseguem. Ainda não se sabe o que é possível fazer e é por isso que o piloto existe.
Em meio à consulta pública sobre os provedores de ativos digitais (Vasps) do BC, Araújo disse que “a gente não tem nada contra o mercado de cripto e usa a tecnologia para prestar serviço para a população. Quem prefere cripto, é do seu negócio. (O setor) vai ser regulado. É mais uma alternativa para a população”. No entanto, disse que o ambiente de finanças descentralizadas (DeFi) é muito interessante, mas não é para todo mundo e para quem não entende, pode precisar de especialistas para ajudar na jornada cripto.
Questionado sobre a centralização da plataforma Drex, explicou o que é possível um banco central fazer. “O Drex é um ambiente descentralizado entre os participantes e não é mais centralizada do que existe atualmente, disse hoje. A descentralização existe porque o regulador “não teria como saber o que acontece na rede e se coloca ZKP (solução de privacidade Zero Knowledge Proof), não consegue saber quem faz o quê. “Esse é o nível de descentralização que o BC pode oferecer”, completou.
Para descentralizar mais que hoje, precisamos ter mais participantes do mercado”, afirmou no primeiro dos dois dias do Criptorama. Esses participantes seriam instituições como bancos e fintechs. Como já aconteceu anteriormente, Araújo repetiu que o ambiente de DeFi é muito interessante mas não é para todo mundo e para quem não entende, pode precisar de especialistas para ajudar na jornada cripto.
