Um novo capítulo na disputa narrativa sobre a solidez da Tether movimentou o mercado nesta segunda-feira. Arthur Hayes, fundador da BitMEX e uma das vozes mais influentes no setor, afirmou que a stablecoin USDT poderia enfrentar risco de insolvência caso as posições da empresa em ouro e Bitcoin sofram uma queda conjunta de aproximadamente 30%.
O alerta veio horas após a divulgação do relatório do terceiro trimestre da Tether, que mostrou reservas expressivas em ativos de renda fixa, mas também uma parcela relevante em Bitcoin (US$ 9,8 bilhões) e metais preciosos (US$ 12,9 bilhões).
Para Hayes, essas alocações representam uma “aposta macro” da Tether na queda dos juros americanos. Ele argumenta que, caso o cenário se inverta, o patrimônio excedente poderia ser corroído rapidamente.
A crítica: “A Tether está apostando com o dinheiro dos usuários”
Hayes destacou que a empresa manteve parte do excedente financeiro em ativos voláteis. Segundo ele, uma desvalorização de 30% nessas posições seria suficiente para apagar o patrimônio declarado.
“O que vejo é o início de uma aposta gigantesca baseada em cortes de juros. Se ouro e Bitcoin desabarem, o patrimônio some e o USDT ficaria, teoricamente, insolvente”, afirmou.
Ele concluiu dizendo acreditar que grandes corretoras e gestores passarão a exigir maior transparência em tempo real das reservas da empresa.
A resposta de Paolo Ardoino: “FUD e matemática errada”
Paolo Ardoino, CEO da Tether, reagiu de imediato e classificou a análise como distorcida. O executivo destacou que o cálculo de Hayes ignorou o patrimônio total do Tether Group — que, segundo ele, ultrapassa US$ 30 bilhões — e os lucros recorrentes obtidos com títulos do Tesouro americano, estimados em cerca de US$ 500 milhões por mês.
“Há quem seja ruim de matemática ou quem tenha incentivos para promover competidores”, disse Ardoino, reforçando que o lastro do USDT continua líquido e robusto.
O CEO também observou que o relatório trimestral da Tether mostra não apenas o excedente de US$ 6,7 bilhões, mas também outros US$ 23 bilhões em lucros retidos do grupo.
