Com a entrada da segunda fase do Piloto Drex, a automação de operações financeiras por meio de contratos inteligentes está se tornando uma realidade. Solidity, a linguagem de programação de contratos inteligentes utilizada na infraestrutura do Drex, desempenha um papel crucial na arquitetura da plataforma.
Solidity é uma linguagem de programação orientada a objetos, baseada em JavaScript e influenciada por linguagens como C++ e Python. Foi projetada especificamente para a Ethereum Virtual Machine (EVM). Ela é tipada estaticamente, o que significa que o tipo de variável deve ser definido no momento da compilação, evitando erros comuns em tempo de execução.
No contexto do Drex, o Solidity será utilizado para programar contratos inteligentes que automatizam processos financeiros. Isso vai desde a tokenização de ativos até o gerenciamento de recebíveis, fornecendo eficiência ao ecossistema financeiro. A capacidade de programar regras de negócios imutáveis e autoexecutáveis será a base para a criação de serviços financeiros na plataforma.
Esses contratos podem conter estruturas de controle, como if/else, loops e modificadores de função, permitindo uma lógica complexa que automatiza transações financeiras sem a necessidade de intermediários. Um exemplo seria o uso de contratos para crédito colateralizado, que pode definir condições específicas para a liberação do crédito com base na verificação de ativos tokenizados, programando a execução automática assim que essas condições forem cumpridas.
Solidity e contratos inteligentes no Drex
Um dos desafios no desenvolvimento de contratos inteligentes é o gerenciamento de recursos. Cada operação executada em um contrato inteligente no Drex exige o uso de recursos computacionais, e a otimização desses recursos é crucial para garantir a eficiência do sistema. Desenvolvedores devem prestar atenção especial à forma como estruturam seus contratos, principalmente em soluções que envolvem grandes volumes de transações ou lógica complexa.
A memória volátil em Solidity é usada temporariamente durante a execução de uma função, enquanto o armazenamento é persistente e mais custoso em termos de processamento. Por isso, é essencial evitar loops desnecessários em grandes arrays e reduzir o uso de funções externas. Além disso, se deve preferir o uso de mappings, que permitem acessos mais rápidos e eficientes a dados.
A segurança é um fator crítico no desenvolvimento de smart contracts para o Drex, uma vez que a imutabilidade da blockchain traz tanto segurança quanto risco. Um contrato inteligente, uma vez implantado, não pode ser alterado. Isso significa que qualquer erro no código pode resultar em vulnerabilidades permanentes.
Segurança é crucial
Portanto, contratos inteligentes desenvolvidos no Drex devem passar por auditorias de segurança antes de serem implantados. Vulnerabilidades como ataques de reentrância, que permitem que um contrato seja chamado repetidamente antes que sua execução seja concluída, podem ser evitadas através de padrões de design.
A verificação formal, que utiliza técnicas matemáticas para garantir que o contrato execute exatamente como especificado, é essencial. Em especial em contratos que envolvem grandes somas ou operações críticas, como a tokenização de ativos imobiliários ou contratos de financiamento comercial. A aplicação de testes e simulações usando frameworks como Truffle e Hardhat será indispensável para avaliar como os contratos se comportarão em cenários do mundo real.
No Drex, os contratos inteligentes terão uma característica: interoperabilidade. Isso permitirá que eles se conectem com outros sistemas, como CBDCs ou blockchains públicas. Essa interação pode ocorrer através de cross-chain bridges ou oráculos.
Futuro promissor
Os cross-chain bridges permitirão que contratos interajam com ativos ou informações de outras blockchains. Assim, uma institução poderá, por exemplo, usar o Drex para executar transações de créditos de carbono (CBIO) em coordenação com plataformas globais. Os oráculos, por outro lado, fornecerão dados externos essenciais. Entre eles estão taxas de câmbio ou preços de ativos. Com isso, permitirá que soluções como otimização de câmbio ou cessão de recebíveis operem de maneira eficiente e confiável. O uso de oráculos descentralizados pode minimizar o risco de pontos únicos de falha.
O uso do Solidity no DREX oferece um futuro promissor para a inovação financeira no Brasil. A automação, escalabilidade e segurança proporcionadas por contratos inteligentes permitirão que fintechs, bancos e outras instituições financeiras desenvolvam soluções inovadoras que eliminam intermediários e reduzem os custos operacionais.
As instituições que dominarem essa tecnologia estarão em uma posição privilegiada para criar produtos financeiros mais rápidos, seguros e acessíveis.
*Rogério Melfi é especialista em soluções inovadoras para o setor financeiro para desafios como Moedas Digitais de Banco Central (CBDC), Open Finance e Open Insurance, Métodos de Pagamentos, Crédito e tecnologias como blockchain e DLT. Estse artigo é parte do bate-papo semanal sobre o Drex, originado no LinkedIn e que agora está também no Blocknews. Assine a newsletter do Blocknews para acompanhar as novidades do mercado e conferir as novas publicações.