Embora os três primeiros meses de 2023 tenham sido de alta no mercado de criptomoedas, ele vem negociando lateralmente desde perdendo volume de negociação a cada mês. como aponta uma análise da Bitfinex.
A empresa destaca que os volumes de trading spot em corretoras centralizadas atingiram mínimos de vários anos, indicando que os investidores de varejo não estão negociando criptomoedas, possivelmente devido aos temores sobre a economia global, enquanto isso o nivel de alavancagem estimado aumentou, indicando um nível elevado de risco de mercado.
Fatores que historicamente antecedem um momento de queda, baixo volume de negociação e falta de apetite dos touros para impulsionar uma alta. Além disso, a empresa destaca que tensões geopolíticas, estão sugerindo a sua potencial influência no sentimento dos investidores.
“Não esperamos uma mudança de regime devido à volatilidade, uma vez que ainda estamos numa fase transitória que conduz a uma elevada volatilidade num ambiente ilíquido, isto é complementado pelas incertezas macroeconômicas acima mencionadas e talvez ligeiramente adiado por cobertura excessiva e posições cautelosas”, afirmou.
Diante desta correlação entre os movimentos do Bitcoin e a macroeconomia, o Cointelegraph conversou com Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, que não traçou movimentos otimistas neste cenário. Para ele, os principais bancos centrais ao redor do mundo avançam na milha final dos respectivos ciclos de aperto monetário.
“À medida que esse aumento ocorre em meio ao incremento ainda persistente dos preços, os agentes financeiros foram obrigados a recalcular a rota no mês passado, considerando que as autoridades manterão os juros em patamar elevado por mais tempo, a fim de controlar as ameaças inflacionárias”, explica.
Conforme o especialista, assim pode ser sintetizado o sentimento universal no último mês do terceiro trimestre de 2023, cujo pessimismo foi protagonizado pela nova perspectiva impressa pelo Federal Reserve (FED) que, por sua vez, refletiu nos quatro cantos do planeta.
“Sincronicamente à resistência da inflação, o ímpeto da economia mundial está prestes a esfriar, em resposta ao aumento das taxas de juros”, prevê.
Segundo as previsões atualizadas da OCDE, o crescimento deve diminuir para 2,7% em 2024, após uma expansão já considerada abaixo do esperado de 3,0% neste ano. Com exceção de 2020, quando surgiu a pandemia, a estimativa, caso se materialize, marcaria a expansão anual mais fraca desde a grande crise financeira de 2008.
Perspectiva sombria
Com isso, van Moorsel afirma que a perspectiva sombria, causada pela combinação da elevada inflação e do baixo crescimento, testará os nervos dos mercados globais e dos formuladores de política monetária, haja vista que a incerteza continua exacerbada e o balanço de riscos para ambas as variáveis está inclinado para o espectro negativo.
“Dentre os fatores de risco no radar, está o petróleo. A rápida ascensão dos preços ao nível mais elevado desde novembro/22 – mais de 25% desde junho –, em razão principalmente da redução da oferta pela Arábia Saudita e Rússia, além de postergar o início da flexibilização monetária, desapossa as economias de um combustível primordial para a atividade. Sob a ótica dos preços, configura um risco potencial de repique inflacionário”, explica.
Contudo, o especialista aponta que a alta do petróleo é tímida se comparada com a disparada do diesel. Os preços do combustível nos EUA avançaram acima de US$ 140 – máxima histórica para esta época do ano –, encarecendo o transporte de produtos da fábrica para o mercado.
Por sua vez, a tendência é que esse custo logístico mais elevado seja repassado para as empresas e os consumidores, impelindo os índices de preços nas leituras recentes e próximas.
“Quase impensáveis no início do ano, as taxas de juro mais elevadas delineiam uma nova fase da história monetária global – ou o retorno à normalidade que imperava antes do dinheiro fácil dos bancos centrais distorcer os mercados com trilhões de dólares. Com isto, é justo ponderar se o regime de juro ultra baixo ficou no passado.
A resposta, porém, é incerta, pois dependerá do comportamento dos preços a médio e longo prazo. Entretanto, mesmo se a inflação nos próximos meses continuar arrefecendo, está claro que os mercados estão em um novo mundo, no qual os agentes demandam maior prêmio dos títulos de dívida e, naturalmente, são mais avessos ao risco”, finaliza.
O fundador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, fundador e CEO da Binance, já havia aponta que o ‘pump’ do halving poderia não ocorrer e declarou achar difícil que o BTC dobre de valor com o evento, como acreditam muito analistas.
CZ afirmou que à medida que o halving se aproxima, “haverá cada vez mais conversas, notícias, ansiedade, expectativas, exageros, esperança, etc.”.
No entanto, esse foco mudará após o halving acontecer, segundo CZ, que prevê que os preços do Bitcoin “não dobrarão da noite para o dia”, com o público em geral perguntando por que o preço não se moveu de acordo com o hype e isso pode atrapalhar a alta.
Mesmo assim ele acredita que o preço do BTC vai passar dos US$ 69 mil, contudo a tendência de baixa pode chegar depois do evento e da frustração com o ‘pump’ não realizado.
Tokens pró-clima
No entanto, segundo William Ou, CEO da token.com no Brasil, ignorando as dificuldades do cenário cripto e global atual, os tokens são ativos que atraem cada vez mais o interesse de investidores e entusiastas do segmento, seja pela diversificação dos ativos, pela facilidade de manuseio ou até mesmo pelo seu propósito, sendo este último tópico um fator que vem contribuindo significativamente para a escolha do investimento.
Ele aponta que entre tantos ativos disponíveis no mercado, os tokens pró-clima vem ganhando cada vez mais adeptos, uma vez que contribuem com as questões climáticas e ambientais por serem “carbon-neutral”, compensando em até 100% a própria emissão de gases do efeito estufa.
Os tokens pró-clima são todos aqueles que contribuem de forma consistente e direta a favor do meio ambiente e contra as mudanças climáticas, agindo através de incentivos financeiros programados na infraestrutura do token para zerar a pegada de carbono.
Em alguns casos, a pegada chega a ser negativa – trata-se dos projetos regenerativos, que além de possuírem baixo custo energético também contribuem para a regeneração do meio ambiente. Além disso, ainda é possível encontrar alternativas que auxiliam com uma rede de pagamentos digitais, onde também é conhecida por sua eficiência energética e sustentabilidade.
“O investimento em tokens vem crescendo, sua diversificação ajuda bastante a atrair novos investidores, sendo fator que não podemos deixar de lado. Mas, ainda temos aqueles que acham que os tokens são prejudiciais ou que não têm como contribuírem para o meio ambiente. Os ativos pró-clima mostram que podemos sim investir e ao mesmo tempo cuidar por um mundo melhor e mais sustentável, principalmente com uma nova geração de pessoas se interessando por esse universo”, revela William Ou, CEO da token.com no Brasil.
O especialista destaca alguns tokens neste segumento como: CELO, FET (Fetch), FLOW, GTC (Gitcoin), HBAR (Hedera), MATIC (Polygon), NEAR (Near Protocol), NANO e XTZ (Tezos).
“Infelizmente estamos presenciando muitas tragédias ocorridas por questões climáticas no mundo todo. E temos como objetivo trazer para nossos investidores tokens que realmente façam sentido e tragam algum propósito por trás desse ativo. Os pró-clima são extremamente necessários para um início de uma melhoria no clima do planeta e desmistificam que as criptomoedas são prejudiciais à sua emissão”, finaliza Will.
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Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.